A manhã desta terça-feira (4) foi marcada pela segunda audiência pública de tomada de depoimentos da Comissão Anísio Teixeira de Memória e Verdade da Universidade de Brasília. Nesta edição, depuseram os professores Luiz Fernando Victor e José Carlos Córdova Coutinho.

 

Emília Silberstein/UnB Agência

Os docentes se completaram em seus depoimentos e trouxeram à tona dois momentos da história da UnB. Victor enfatizou o período entre a fundação da universidade e a demissão coletiva de mais de 220 professores em 1965. Coutinho relatou fatos ocorridos após 1968.

Primeiro a falar, Luiz Fernando Victor contou aos participantes sua
trajetória a partir de 1961, quando veio para Brasília com Darcy Ribeiro, seu amigo. Victor valorizou, em seu depoimento, a importância histórica do Frei Mateus Rocha, “Figura importante na formação e existência da universidade”, declarou. Ele relatou momentos da fundação da UnB “Em abril de 1962, inauguramos a UnB aos trancos e barrancos”.

O professor Victor divide a história da universidade em três momentos: a fundação, o “período dos interventores” e a fase da recuperação a partir da gestão de Cristovam Buarque em 1985. José Carlos Córdova Coutinho, professor emérito da UnB, centrou seu depoimento nos acontecimentos que envolveram o curso de Arquitetura e Urbanismo.

Coutinho narrou que veio para a UnB em 1965, num projeto da instituição, "iniciado com a exigência de estudantes”, de reverter o quadro criado com a demissão dos quase 230 professores. Em 1976, Coutinho foi eleito pelos colegas diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Durante sua gestão, ele vivenciou mais de perto as transgressões às regras institucionais geradas pelo regime militar.

Emília Silberstein/UnB Agência

Professor emérito José Coutinho e o ex-reitor Roberto Aguiar participam da audiência pública

Sobre esse contexto, Coutinho relatou que era comum a concessão de matrículas de cortesia a diplomatas, independentemente de vestibular. Entre os matriculados por concessão, estavam agentes de espionagem. Provavelmente, dentre eles, “havia membros da Operação Condor, que faziam espionagem em diversos países da América Latina”, disse.

A Comissão Anísio Teixeira de Memória e Verdade foi criada em 2012 e apura violações de direitos humanos ocorridas entre 1964 e 1988. Em novembro do ano passado, a Comissão assinou termo de cooperação com a Comissão Nacional da Verdade.

A próxima audiência pública de tomada de depoimentos está agendada com Paulo Speller. Atual Secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, Speller foi aluno da UnB e atuou como líder estudantil nos anos 60. Seu depoimento será dia 21/6 às 14h30 no Salão de Atos da Reitoria.